quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Wonderful World

Chega o esperado dia da viagem. Passaporte em mãos, assim como o coração. Você entra sozinha naquela movimentada sala de embarque de uma quinta-feira. Estranhos passam de um lado para o outro. E você está lá, sozinha. Às vezes você questiona se é realmente capaz. E você é, então levanta a cabeça e caminha até o avião. Você sabe que está no lugar certo, seus sonhos sempre te levavam até ali. 
Você chega ao destino. Um lugar diferente com novas pessoas. Todos ali, abertos para quem quiser se aproximar, estão com o mesmo intuito, fazer amizades. Algo que acontece rápido, pois somos seres humanos e temos essa necessidade de transformar o desconhecido em familiar. Vocês trocam as primeiras palavras, logo é como se já se conhecessem a anos. Então, você descobre que a adolescência é a mesma em todos os 4 cantos da Terra. Seja em São Paulo ou Tel Aviv, somos jovens e vamos chorar por coisas fúteis, rir de palhaçadas e cantar músicas em ônibus escolares. As diferenças culturais não parecem mais tão expressivas assim. Na verdade, tornam-se maravilhosas. Ali, jogando cartas com um americano, um israelita e uma russa você percebe que nunca teria tido essa experiência de explorar novas visões de mundo se não tivesse se jogado no desconhecido. O mundo passa a ser pequeno e você se depara com uma real necessidade de conhecer todos os lugares desse planeta maravilhoso que vivemos. Pensa em todas as pessoas incríveis espalhadas pelo globo, prontas para conquistar um espaço em seu coração e que talvez nunca vá conhecê-las se não sair da caixinha que é aquela sua vida espalhada por poucas ruas de uma cidade que quando o avião decolou e percebeu quão imensa é sua insignificância. 
Então chega a hora de voltar para casa. E quando você desce do avião, é como se seu balãozinho estourasse. As esquinas que antes eram todas novidade voltam a ser as repetidas. Você vê que as coisas por aqui continuam do jeitinho que você as deixou. Mas alguma coisa mudou além da estação, você. Que definitivamente não é a garota que entrou insegura pela primeira vez naquela sala de embarque. Agora tem a certeza de que sua antiga vida sempre estará lá, de braços abertos assim como o Cristo Redentor para a baía de Guanabara. Mas o mundo? Está te esperando lá fora e a sede por ele cala sua saudade de casa. Você está se readaptando, mas uma coisinha ainda martela seu peito, a saudade. Aquele mundo que antes parecia tão pequeno torna-se intimidador e frio quando oceanos de separam de quem você aprendeu a amar. Obrigada, tecnologia! Mas ainda sim é difícil trocar risadas genuínas por HAHAHA no whatsapp.  O fuso horário se torna seu pior inimigo e a sensação de impotência quanto a essa dor fina e cortante em seu peito, também. As melhores pessoas moram longe e talvez isso que faz delas tão especiais. Te conforta saber que pelo menos teve a oportunidade de conhecê-las e, se tivesse escolha, não as apagaria da memória para curar essa ferida. Os dias que passaram juntos já foram suficientes para tornar-se eternos. E o termo internacional passa a ter um novo sentido para você. Não importa qual alfabeto usamos, qual religião seguimos, a qual nação pertencemos, temos um coração e, às vezes, entregamos ele a pessoas, a lugares e a momentos. Em minha bagagem trouxe alguns corações. Distribui o meu também, porque nesse imenso labirinto que é a vida, esbarramos em pessoas valem a pena. Mesmo que não sejam daqui. Mesmo que sejam lá de longe. Nos vemos um dia, amigos. Isso não é um adeus, é um até logo. 
Madrugada de segunda, 10 de agosto de 2015 

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